24 junho 2015

Academia de letras de Trás-os-Montes

 Introdução

Breve síntese do caminho percorrido


A Academia de Letras de Trás-os-Montes teve registo de nascimento em 12 de Junho de 2010, com domicílio na Sede do Centro Cultural Municipal Adriano Moreira, cidade de Bragança. É agora uma robusta criança com cinco anos de idade.
Tem múltiplos, bons e dedicados padrinhos que a acarinharam desde a primeira hora.
Amadeu Ferreira, saudoso amigo e Presidente da Comissão Instaladora justificou assim a iniciativa na sessão que oficializou o nascimento da Academia: «é uma forma de reafirmar as identidades que temos que são, no fundo, a nossa salvação». Por sua vez, Adriano Moreira salientou a propósito que «nos momentos de crise o recurso às identidades aparece como fundamental». Por isso, «esta academia inscreve-se na consciência de que esse é o facto». «O que está em crise na Europa e em Portugal é o Estado e não a identidade. E são as identidades que precisam de ser defendidas porque são a pedra de base para a reorganização de que precisamos».
Por outro lado, os documentos escritos são suportes visíveis que explicam o abstrato, enquanto a palavra escrita tende a inspirar um sentimento apreciado.
Ficam assim claros como a água, os princípios inspiradores que guiaram e hão-de continuar a iluminar o nosso caminho.
 A AcadeMia de Letras de Trás-os-Montes ficou sediada em Bragança, atendendo a que foi «a autarquia, na pessoa do seu presidente, Jorge Nunes, a viabilizar a concretização da ideia e a dar o mote», tendo como significativo, o imediato apoio e a participação ativa de três dezenas de escritores transmontanos.

 Embora sediada em Bragança, ficou desde logo explícita a intenção de acolher todos escritores de Trás-os-Montes ou sobre temática ligada à região. É a segunda do género, inscrita na Academia de Ciências de Lisboa.
Ao cumprir as primeiras e decisivas cinco primaveras de vida acolhe já a participação de 110 escritores e um naipe considerável de sócios honorários.

Triénio 2010 -2013

 A Instituição entrou em funcionamento regular em 5 de Outubro de 2010, uma vez constituídos os primeiros corpos gerentes.
Adriano Moreira foi eleito Presidente Honorário da Academia.
Os restantes órgãos ficaram assim estabelecidos:

Assembleia Geral  

António M. Pires Cabral

Fernando Calado

Maria da Assunção Anes Morais

Direção

Ernesto Rodrigues

Fernando de Castro Branco

Amadeu Ferreira

Manuel Cardoso

Maria Hercília Agarez


Conselho Fiscal


Rogério Rodrigues

Idalina Brito

Alfredo Cameirão

No decorrer da sua vigência, entre 5 de Outubro de 2010 e 14 de Setembro de 2013, merecem especial destaque as acções seguintes:

-      Publicação e/ou organização de duas antologias de autores transmontanos, sob o título “TERRA DE DUAS LÌNGUAS”;

-      Participação como patrocinadora da Obra Completa do Padre António Vieira, formada por 30 volumes e milhares de exemplares distribuídos pelo mundo luso falante;

-      Lançamento de alguns volumes da Bibliografia do Distrito de Bragança, da antologia de homenagem a Pires Cabral nos seus 70 anos, da celebração dos cem anos de Raul Rego (em parceria com o Grémio Literário Vilarealense);

-      Início e prosseguimento das entrevistas mensais na Rádio Brigantia;

-      Sessões individualizadas de apreço a Bento da Cruz e a Barroso da Fonte (este nos seus 60 anos de vida jornalístico-literária);

-      Exposição biblio-iconográfica da Embaixada da Hungria;

-      Pedido de realização de nove documentários em vídeo sobre nove escritores transmontanos associados, solicitados a Leonel de Brito, trabalho que foi concretizado no decorrer do segundo mandato;

      -   Organização do catálogo de livros da Biblioteca;

      -   Organização e participação em três feiras do livro realizadas em Bragança.


Triénio 2013-2016

Buscando a partilha de esforços de forma mais equitativa entre geografias, os novos corpos sociais reforçaram ligeiramente a presença de Vila Real. Amadeu Ferreira, na qualidade de Presidente da Direção, pugnou pela realização de reuniões descentralizadas e um melhor conhecimento «do que uns e outros fazemos». É esse o caminho que os atuais corpos gerentes vão prosseguir e aprofundar.
Por má fortuna, Amadeu Ferreira não pode pôr em prática muitos dos seus propósitos relativos à recuperação dos valores identificadores da nossa cultura, à reassunção da memória e à autoestima, como condição prévia para sustentar uma participação condigna no palco das comunidades que constituem a diversidade das entidades nacional, lusófona, europeia e global do presente e do mundo novo que bate à porta.
Nestes aspectos há um longo caminho a percorrer, a começar pelo interior de cada um de nós, com vista a uma tomada de consciência entre o que fomos e o que somos, ameaças e oportunidades enquanto povo e sua matriz cultural. Não há lugar nem tempo para adiar opções que se revelam cada vez mais de difícil concretização, num contexto de acelerada mudança do tecido social.
Devido à enfermidade prolongada que atingiu cruelmente o nosso ilustre e devotado Presidente e amigo, umbilicalmente ligado à cultura transmontana e ao ressurgimento da língua Mirandesa, o mandato perdeu a estabilidade e a tranquilidade necessárias à prossecução dos objectivos fixados. Obrigou mesmo a uma cooptação forçada e à realização de novas eleições que tiveram lugar no pretérito dia 6 de Junho. Os atuais Corpos Gerentes eleitos ficaram assim formados:

Assembleia Geral

António Manuel Monteiro

Maria da Assunção Anes Morais

João Cabrita

Direção

António Chaves

José Mário Leite

Maria Idalina Alves de Brito

Carlos do Nascimento ferreira

António Pimenta de Castro


Conselho Fiscal

João Barroso da Fonte

José Fernando Rua de Castro

Cláudio Amílcar Carneiro

Com as seguintes linhas gerais de orientação:
Na sua constituição houve como primeira preocupação estabelecer pontes de contato com outras agremiações transmontanas da mesma natureza, de modo a reforçar o impacto das ações e melhor coordenar os calendários das iniciativas concernentes a cada associação. Reconhecemos as fragilidades com que lidamos para não nos darmos ao luxo de espartilhar esforços com iniciativas frequentemente sobrepostas. Assim, António Manuel Monteiro, Presidente da Assembleia Geral, é simultaneamente Grão-Mestre da Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro; Carlos Ferreira, membro da Direção da ALTM, é o Presidente da Associação da Lengua e Cultura Mirandesa; João Barroso da Fonte, Presidente do Conselho Fiscal, é além de autor e jornalista dedicado às causas transmontanas, Diretor do jornal POETAS E TROVADORES onde irão ter amplo acolhimento e divulgação as iniciativas da Academia, dirigidas a um auditório específico e singular; José Fernando Rua de Castro é Presidente, fundador e timoneiro do Forum Galaico Transmontano, com enraizada implantação na Galiza e em Trás-os-Montes.

*
Uma breve análise das ameaças e oportunidades
 A observação da evolução dos dados referentes à região leva-nos a constatar, com inquietação, que a população transmontana está a diminuir drasticamente e a envelhecer, seguindo uma tendência de muito difícil reversão. Essa marca está a ser igualmente observada no interior da Academia, que no final do presente mandato, na ausência de medidas corretoras, os seus membros vão atingir uma média de 68 anos de idade. É por isso importante estimular a captação de elementos das gerações mais jovens para a sua adesão ao universo da escrita, como reforço da trave mestra que sustenta a constância do mundo imaterial e material das nossas comunidades, sem o que corremos o risco, a breve prazo, de deixarmos de saber o que fomos, o que somos e o que representamos no palco das identidades territoriais da Europa e do Mundo.

Precisamos de dar mais atenção à relevância deste fenómeno e de criar repostas adequadas a partir de uma mobilização colectiva multigeracional, propiciando um debate de ideias de como revigorar os traços de identidade que nos permitem continuar como comunidade, por direito próprio, na nova arquitectura territorial das regiões da Comunidade Europeia e do mundo da lusofonia. A fragilidade económica e social acentua a perda de valores e a diminuição da confiança básica no seio das comunidades locais: «Uma cultura é o conjunto partilhado de valores, crenças, atitudes, pressupostos, interpretações, hábitos, costumes, práticas, conhecimentos e comportamentos de uma comunidade que relembra um icebergue: Valores, crenças e interpretações são invisíveis, situadas abaixo da linha de água, enquanto os costumes, práticas e comportamentos são atributos visíveis, acima da tona de água». Os valores nucleares fundeiam no oceano invisível. As culturas fortes têm muitas vantagens, mas uma cultura forte também pode adoecer. A partir de meados do século XX, Trás-os-Montes converteu-se gradualmente numa região repulsiva, marcada por uma perda sistemática de população.
«Uma comunidade que não identifica os pontos nevrálgicos dos seus dramas, porque teme as conclusões, não conseguirá sair do retrocesso histórico e está a adiar e a agigantar conflitos inevitáveis».
Chegar junto das gerações mais novas, fornecer-lhes algo mais que a simples transmissão de conhecimentos é uma tarefa primordial e inadiável, no nosso entender, para garantir a preservação das identidades.
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São “ideias chave” do presente mandato:
-Dar prioridade à entrada de novos membros, de acordo com as normas constantes dos Estatutos. Estabelecemos, para os próximos três anos, o objetivo inscrever 50 novos associados;
-Realização de conferências, seminários e Workshops para despertar novas vocações para a escrita, divulgando métodos pedagógicos direccionados a escolas e professores do ensino de português e cidadãos interessados em suplantar as barreiras naturais que nos afastam do nosso ser criativo.
- Descentralizar gradualmente as iniciativas e proporcionar um melhor conhecimento mútuo entre os membros da Academia, «do que uns e outros fazemos», dando assim continuidade ao pensamento de Amadeu Ferreira. Desejamos incentivar a formação de grupos de trabalho de base local e regional e privilegiar a comunicação em rede, na vez de uma estrutura hierarquizada, onde «uns mandam e os outros obedecem».
-Vai ser retomado o programa do registo em vídeo dos testemunhos de vida e perfil literário e humano de um novo grupo de escritores, estudando, ao mesmo tempo, novas formas consensuais de partilha da informação.
A calendarização concreta destas iniciativas está dependente, em boa medida, da constituição de novos recursos, uma vez que os valores actuais em depósitos estão praticamente comprometidos, a curto prazo, face a responsabilidades anteriormente assumidas.
Pelas mesmas razões, esperamos a colaboração efetiva de todos, quanto ao pagamento atempado das respetivas quotas, porquanto, como é sabido, só é possível gerir meios e, sem eles, a concretização dos objectivos fica comprometida. Acreditamos no contributo consciente e fraterno de todos. Esperamos também ter condições para, em breve, podermos calendarizar as ações operacionais concretas.
Entretanto vamos organizar os registos e formas de comunicação que facilitem um melhor conhecimento «uns dos outros» e prometemos voltar, em breve ao contacto.

Saudações fraternas,

António Chaves

Presidente da Direção

2015/06/22

Anexos:
Sócios outorgantes da escritura de constituição: Adriano Moreira, Amadeu Ferreira, António Afonso, Regina Gouveia, Barroso da Fonte, Manuel Cardoso, César Afonso, Ernesto Rodrigues, Alfredo Cameirão, Pires Cabral, Virgílio do Vale. Rogério Rodrigues. António Mourinho, José Castro Branco, José Baptista e Sá, Isaac Barreira, Modesto Navarro e Cláudio Carneiro.
Sócios honorários: Adriano Moreira, António Baptista Lopes, Bento da Cruz, Eduarda Chiotte, Hirondino Paixão Fernandes, Jorge Nunes, José Rentes de Carvalho Leonel de Brito, Luísa Dacosta, Nuno Canavez e Teresa Martins Marques.

Endereço Postal

Academia de Letras de Trás-os-Montes

Centro Cultural Municipal Adriano Moreira

Praça Camões

5300-104 Bragança – Tel. 273 300 850

(atende por norma José Pedro dos Santos, funcionário destacado)

Elementos identificadores da Academia:

Número de Identificação de Pessoa coletiva: 509 669 131

Entidade Bancária: Caixa Geral de Depósitos

Nº de Conta: 0417023749430

NIB: 0035 0417 0002 3749 4303 5

IBAN: PT5000 35041 7000 2374 9430 35

CGDIPTPL


Endereços eletrónicos:



 
 
 


16 junho 2015

FESTIVAL LITERÁRIO DE BRAGANÇA - Poema de Manuel Amendoeira

 Fui a um festival de prosa e de poesia
Na minha querida cidade de Bragança
Recebi esse convite com tanta alegria
Que fu lá falar da vida e da esperança.

Escutei os vários prosadores e poetas
Que tinham tendências tão diferentes
Mas tudo era uma oração sem pressas
Mesmo bordejando ali várias correntes…

Os nossos queridos irmãos Brasileiros
Chegaram de braços e coração abertos
Traziam no seu rosto estampados enleios
Que mereceram todos os nossos afetos.

A linda imagem de marca era a bonomia
Timbre dum povo maravilhoso, acolhedor
Que só nos trouxe sentimentos de alegria
Que é apanágio em quem pratica o amor.
              
Serão bem-vindos sempre meus irmãos
À nossa acolhedora cidade de Bragança
Porque se os dois países derem as mãos
Cimentaremos mais a nossa esperança…

Então, para que esta experiência tão linda
Possa perdurar sempre nas nossas vidas
Iremos esperar anualmente a vossa vinda
Sem medo, sem receio, sem contrapartidas.

02 junho 2015

Festival Literário de Bragança

Nos próximos dias 4, 5 e 6 de junho vai ter lugar em Bragança o Festival Literário, este ano no evento vão estar representados três autores da Lema d'Origem que são Hercília Agarez, João Cabrita e António Sá Gué.

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