09 junho 2014

O FARANDULO DE TÓ, por Antero Neto

Janela aberta, para o conhecimento de uma das localidades mais antigas do nosso actual concelho de Mogadouro. Digo, actual porque o autor traça na sua obra o percurso histórico administrativo, bem como o rico património material e imaterial da freguesia de Tó. Dando, neste último tipo de património, enfoque à figura do Farandulo.
Nesta obra são aventadas diversas explicações sobre a evolução do topónimo Tó e a sua progressão fonética, que poderá ser encontrada nas propostas que o autor expõe de forma congruente e lógica, acessível para todos os leitores, incentivando os mesmos ao estudo sobre a origem do topónimo desta freguesia.
O autor, conhecido escritor da nossa terra de Mogadouro, demonstra a sua preocupação em promover, divulgar e conhecer a história de cada uma das diversas povoações do nosso concelho, tendo já publicado algumas obras de carácter relevante sobre o seu património e a sua história, procurando assim conservar pedaços da memória colectiva que poderiam perder-se nos tempos próximos.
Elegeu para esta nova obra a freguesia de Tó, rica em património arqueológico e histórico, mas que no entanto, como refere o próprio autor, onde ainda há muito por descobrir, conhecer e preservar. Senti que a mensagem do autor é a de que se devem manter vivas as tradições e delas tirar o conhecimento que se pode perder.
O Farandulo de Tó, festas dos rapazes, ligada às festividades do solstício de inverno, em que toda uma comunidade participa e se diverte, fortalecendo assim os laços colectivos, pois as populações identificam-se com as suas tradições e pretendem perpetuá-la na sua memória viva. Festa de uma comunidade que integra um conjunto ainda vivo de outras festas de cariz semelhante, dispersas um pouco pela nossa região do Nordeste Transmontano. O autor foca ainda as festividades similares que existem e existiram no nosso concelho, evidenciando a sua atenção para a apresentação de uma proposta de leitura sobre o ritual de solstício plasmado na figura do Farandulo.
O livro oferece ao leitor um retrato histórico e cultural desta povoação, colocando em devido relevo o conteúdo etnográfico que, por ser imaterial, mais facilmente se pode perder. Incentiva o seu estudo, apresentando propostas baseadas em outros autores especializados sobre as diferentes tipologias de património que descreve, e que promove para que não fiquem no esquecimento.
Considera que a cultura de um povo é o seu bilhete de identidade, exponenciando a ideia de que quando a comunidade permite que pedaços dessa mesma cultura desapareçam, deixa que a sua identidade se torne incompleta e esquecida.

Nota pessoal
Congratulo-me por ter sido escolhida para ler esta obra antes da sua publicação, pois assim espero incentivar a / o leitor a percorrer as páginas desta obra que são uma passagem pela história e costumes ancestrais desta localidade do nosso concelho de Mogadouro.


Virgínia Cordeiro Gomes Vieira – Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Mogadouro
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Esta obra tem como cerne de estudo o “Farandulo de Tó”, cujas raízes, segundo o autor, parecem encontrar eco nas festividades do Solstício de Inverno, durante o período de romanização da Península Ibérica, sendo inédita a hipótese explicativa dos intervenientes nesta festividade, que se perde na memória do tempo.
Mas o autor não se fica por aí e, de uma forma coerente e clara, oferece-nos um retrato histórico e cultural da Aldeia de Tó, Concelho de Mogadouro, rica em património arqueológico e histórico e dessa forma, abre portas para outros estudos e outras investigações.

António Sá Gué

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